Salmo 51

11/10/2007

 

Confissão e arrependimento
Ao mestre de canto. Salmo de Davi,
quando o profeta Natã veio ter com ele,
depois de haver ele possuído Bate-Seba

1 Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias.
2 Lava-me completamente da minha iniquidade e purifica-me do meu pecado.
3 Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim.
4 Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que é mau diante dos teus olhos; de sorte que és justificado em falares e inculpável em julgares.
5 Eis que eu nasci em iniquidade, e em pecado me concedeu minha mãe.
6 Eis que desejas que a verdade esteja no íntimo; faze-me, pois, conhecer a sabedoria no secreto da minha alma.
7 Purifica-me com hissopo, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais alvo do que a neve.
8 Faze-me ouvir júbilo e alegria, para que se regozijem os ossos que esmagaste.
9 Esconde o teu rosto dos meus pecados, e apaga todas as minhas iniquidades.
10 Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito estável.
11 Não me lances fora da tua presença, e não retire de mim o teu Santo Espírito.
12 Restitui-me a alegria da tua salvação e sustém-me com um espírito voluntário.
13 Então, ensinarei aos transgressores os teus caminhos, e pecadores se converterão a ti.
14 Livra-me dos crimes de sangue, ó Deus, Deus da minha salvação, e a minha língua cantará alegremente a tua justiça.
15 Abre, Senhor, os meus lábios, e a minha boca proclamará o teu louvor.
16 Pois tu não te comprazes em sacrifícios; se eu te oferecesse holocaustos, tu não te deleitarias.
17 O sacrifício aceitável a Deus é o espírito quebrantado; ao coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.
18 Faze o bem a Sião, segundo a tua boa vontade; edifica os muros de Jerusalém.
19 Então, te agradarás de sacrifícios de justiça, dos holocaustos e das ofertas queimadas; então, serão oferecidos novilhos sobre o teu altar.



Davi começa o salmo deixando claro que aguarda pela misericórdia de Deus. Não nega seu pecado, não nega que é pecador, e reconhece que o Senhor tem até motivos para punir sua vida por conta de seus erros (v. 4). Ele reconhece seu erro e confia na misericórdia de Deus. Não foge do erro, mas enfrenta sua debilidade diante do Senhor, reconhecendo sua falta e clamando por misericórdia, reconhecendo até mesmo que o Senhor poderia julgá-lo, já que há o erro.

Muito mais que cometer um erro contra si ou contra o próximo, ao pecar, cometemos um erro contra o Senhor, contra Sua santidade, Sua palavra. Seguindo o exemplo de Davi, sabemos que podemos cair em erro. Pode acontecer! Lutamos contra, clamamos por direção do Senhor, que Ele nos mostre o caminho certo e se nos desviarmos, clamamos para que nos seja mostrado para deixarmos o erro..., logo, corremos o risco de cair em um erro a qualquer momento. Essa é parte integrante da natureza humana, do pecado original.

Mas não podemos buscar explicações para o pecado. Não podemos chamar pecado de qualquer outra coisa, como equívoco, escapadela, momento de fraqueza..., enfim, com qualquer nome que você possa pensar. Pecado é pecado! Quando cometemos um pecado, desagradamos ao Senhor. E o único jeito de corrigir é nos arrependermos do pecado, confessarmos ao Senhor, enfrentarmos o erro e buscarmos fugir do mesmo. Confiados na misericórdia do Senhor, através de Jesus Cristo.

Davi ainda fala que se o Senhor quisesse sacrifícios, ele daria. Mas... Na Lei não está previsto o sacrifício para buscar o perdão dos pescados? Sim! Mas o que Davi está dizendo é que Deus não quer simplesmente o ato mecânico de realizar o sacrifício. Deus espera o arrependimento para depois aceitar o sacrifício. Ele não quer apenas o sacrifício e está resolvido. Quando Deus olha para nossa oferta, Ele não olha apenas para o que ofertamos, mas para nossa vida. Olhou Caim e sua oferta; Abel e sua oferta... Deus não quer apenas a oferta. Ele quer uma vida de fato disposta na Sua presença, buscando viver de acordo com Sua vontade. Não atos mecânicos e repetitivos, para desencargo de consciência. Podemos até realizar os atos que estamos acostumados, mas não apenas por fazer, antes com compromisso e dedicando nossa vida, nosso coração, não apenas uma oferta ou uma atitude, mas a vida.

Davi mesmo fala que aí poderá oferecer os sacrifícios (v. 19). Quando o coração se apresenta diante do Senhor com sinceridade e busca a vida de acordo com a vontade Dele, aí as atitudes são sinceras e não apenas por fazer ou para mostrar para os outros, ou ainda para aliviar a própria mente. Realizamos algo porque temos compromisso com aquilo. A nossa atitude externa não pode ser mecânica, como quem se acostumou a fazer! Precisamos, antes de mais nada, buscar ao Senhor, ter intimidade com Ele, viver Sua vontade. A partir disso, aí sim, nos apresentarmos para as mais variadas tarefas no desempenho dos dons que o Senhor nos deu.

Davi busca no Senhor a misericórdia e quer ser purificado. Quer ser limpo de seu erro. Em Jesus, somos lavados de nossos erros, quando nos arrependemos e buscamos fugir do pecado, vivendo para agradar a Deus. Nada poderia dar mais alegria para Davi do que saber que foi perdoado, que a misericórdia do Senhor foi mais uma vez realidade diante de um novo erro. Nada pode nos dar mais alegria do que termos a certeza que em Jesus somos justificados! Não devemos, claro, cometer erros para buscar o perdão. Se errarmos, devemos buscar o perdão.

A espiritualidade não pode ter valor se não for vivida de fato, com intimidade com o Senhor. Aparência de espiritualidade não agrada ao Senhor. Quando buscamos de fato e procuramos fugir do erro, quando nos apresentamos ao Senhor como somos e se cometemos algum erro, se enfrentamos o mesmo e clamamos ao Senhor por Sua misericórdia de coração, aí podemos confiar em Seu perdão.

Que possamos ter nossa experiência com o Senhor assim: confiando em Sua misericórdia, nos apresentando como somos e não fugindo de enfrentar a realidade de algum erro, chamando pecado de pecado e procurando, com o auxílio do próprio Senhor, a forma para deixarmos a prática errada, procurando a cada dia conhecer mais intimamente o Senhor para viver cada vez mais de acordo com Sua vontade. Vale a pena!

 

Forte abraço.
Em Cristo,
Ricardo, pastor

Esta meditação foi enviada em 11/10/07 por e-mail.