Nem sempre dividir... Nem sempre seguir junto...

10/07/2012

 

Atos dos Apóstolos 26.1-23

1 Depois, Agripa disse a Paulo: É-te permitido fazer a tua defesa. Então, Paulo, estendendo a mão, começou a sua defesa:
2 Sinto-me feliz, ó rei Agripa, em poder defender-me hoje perante ti de todas as coisas de que sou acusado pelos judeus;
3 mormente porque és versado em todos os costumes e questões que há entre os judeus; pelo que te rogo que me ouças com paciência.
4 A minha vida, pois, desde a mocidade, o que tem sido sempre entre o meu povo e em Jerusalém, sabem-na todos os judeus,
5 pois me conhecem desde o princípio e, se quiserem, podem dar testemunho de que, conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu.
6 E agora estou aqui para ser julgado por causa da esperança da promessa feita por Deus a nossos pais,
7 a qual as nossas doze tribos, servindo a Deus fervorosamente noite e dia, esperam alcançar; é por causa desta esperança, ó rei, que eu sou acusado pelos judeus.
8 Por que é que se julga entre vós incrível que Deus ressuscite os mortos?
9 Eu, na verdade, cuidara que devia praticar muitas coisas contra o nome de Jesus, o nazareno;
10 o que, com efeito, fiz em Jerusalém. Pois havendo recebido autoridade dos principais dos sacerdotes, não somente encerrei muitos dos santos em prisões, como também dei o meu voto contra eles quando os matavam.
11 E, castigando-os muitas vezes por todas as sinagogas, obrigava-os a blasfemar; e enfurecido cada vez mais contra eles, perseguia-os até nas cidades estrangeiras.
12 Indo com este encargo a Damasco, munido de poder e comissão dos principais sacerdotes,
13 ao meio-dia, ó rei, vi no caminho uma luz do céu, que excedia o esplendor do sol, resplandecendo em torno de mim e dos que iam comigo.
14 E, caindo nós todos por terra, ouvi uma voz que me dizia em língua hebráica: Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões.
15 Disse eu: Quem és, Senhor? Respondeu o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues;
16 mas levanta-te e põe-te em pé; pois para isto te apareci, para te fazer ministro e testemunha tanto das coisas em que me tens visto como daquelas em que te hei de aparecer;
17 livrando-te deste povo e dos gentios, aos quais te envio,
18 para lhes abrir os olhos a fim de que se convertam das trevas à luz, e do poder de Satanás a Deus, para que recebam remissão de pecados e herança entre aqueles que são santificados pela fé em mim.
19 Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial,
20 antes anunciei primeiramente aos que estão em Damasco, e depois em Jerusalém, e por toda a terra da Judéia e também aos gentios, que se arrependessem e se convertessem a Deus, praticando obras dignas de arrependimento.
21 Por causa disto os judeus me prenderam no templo e procuravam matar-me.
22 Tendo, pois, alcançado socorro da parte de Deus, ainda até o dia de hoje permaneço, dando testemunho tanto a pequenos como a grandes, não dizendo nada senão o que os profetas e Moisés disseram que devia acontecer;
23 isto é, como o Cristo devia padecer e como seria ele o primeiro que, pela ressurreição dos mortos, devia anunciar a luz a este povo e também aos gentios.

Paulo começa a se defender diante de Agripa. Pelo texto, notamos que Paulo não via o cristianismo como uma nova religião! Ele fala claramente que está sendo acusado porque recebeu revelação de que Cristo era o Messias esperado. Que ele próprio, no começo, entendia que isso era algo errado, e até mesmo perseguiu muitos. Mas o Senhor Jesus apareceu para ele e assim ele compreendeu que as Escrituras falavam de Jesus ao falar do Messias e que era necessário, diante da visão que teve, que a mensagem fosse pregada entre os irmãos judeus e depois, entre os gentios. Esse era o "ponto" que pegava contra Paulo: o judaísmo não entendia que a mensagem deveria ser pregada aos gentios e muito menos que houvesse um "afrouxamento" da lei, como fazia o cristianismo no meio dos Gentios (Atos 15.12-21). E tanto Paulo como qualquer outro judeu que fizesse o mesmo, seria perseguido dentro do judaísmo!

Chegava o momento de uma separação entre judaísmo e cristianismo. E até mesmo dentro do judaísmo mesmo, entre os que permaneciam judeus enquanto religião, mas uns aceitariam o Messias em Jesus e outros continuariam esperando (e o fazem até hoje!). Mas enquanto ela não acontecia, enquanto era "o mesmo movimento religioso", as perseguições eram fortes, pois os judeus queriam deixar claro que o judaísmo não compreendia as coisas dessa forma e que quem resolvesse entender assim, era herege!

Como aconteceu na Reforma Protestante, em que Lutero não queria num primeiro momento começar uma nova Igreja, mas queria reformar a Igreja Católica... Como aconteceu com outros homens de Deus que não queriam iniciar novas denominações, mas queriam sim mudar as coisas na denominação que faziam parte... A situação seguiu com Paulo até um momento que não era mais possível seguir, a não ser "cada um para um lado". Muitas vezes não gostamos quando as coisas chegam nesse ponto! Outros, fazem isso no primeiro sinal de contrariedade! Mas sabemos que Paulo e Barnabé juntos fizeram muitas coisas, agora, separados, puderam agir em "frentes diferentes", ampliando o alcance. Alguns fazem essas divisões apenas por brigas pessoais e ainda assim o Senhor poderá usar isso para algo bom. Mas precisamos mesmo tomar cuidado, pois nem sempre é para ser assim. Há momentos que parece difícil fazer isso, mas que acaba sendo necessário. Há outros que as pessoas se "acostumam" com essa divisão e só de "olhar torto" já partem para isso. O que precisamos ter claro é que a vontade do Senhor precisa ser levada em conta e haverá momentos para "divisão" e momentos para acerto! O fato é que nem sempre o caminho é a "separação", mas algumas vezes isso será necessário. Que seja em oração, para que possamos entender qual é o propósito do Senhor tanto no tempo da "união" como no tempo da "separação", se é que essa deve acontecer. Que os motivos sejam da parte do Senhor e não da vontade humana! Paulo estava sendo acusado por entender que não era tempo de "separar"! Que sejamos capazes de entender que há momentos para "dividir" e momentos para "ajustar" na caminhada!

Forte abraço.
Em Cristo,
Ricardo, pastor

Esta meditação foi enviada em 10/07/12 por e-mail.