Leia
Esdras 7
No texto de hoje, vemos o rei
preocupado em fazer o melhor para a construção da Casa do
Senhor, que estava em Jerusalém. Essa casa que foi destruída
quando do exílio, seus pertences saqueados e levados para a
Babilônia e que, quando o povo conseguiu autorização para fazer
a obra, ainda houve quem tentasse parar. Mas o Senhor usou o
próprio rei para dar continuidade ao trabalho.
É muito bom notar que um rei que, teoricamente, só ouviu falar
do Senhor, demonstrasse tanto carinho e zelo por essa Casa. É
toque de Deus mesmo. O Senhor tocou os corações e Esdras foi
escolhido para liderar esse povo no aspecto espiritual. Esse é o
primeiro ponto que destaco: era necessário que um líder
espiritual fosse levantado e o povo pudesse ouvir. Sabe por que?
Porque o exílio tinha acontecido por desobediência aos preceitos
da lei. E, como naqueles dias essa era a aliança (hoje temos a
Graça), era necessário obedecer os preceitos da lei. Mas para
obedecer, era necessário conhecer e o rei reconhece em Esdras
aquele que poderia instruir o povo na lei. Se essa instrução não
acontecesse, corria-se o risco de mais uma vez o povo deixar de
lado as coisas da lei, ainda que em algum aspecto, e sofrer
consequêcias por isso.
Vale ressaltar: o povo ficou no exílio o número de anos
necessários para que a terra tivesse o descanso que era previsto
na lei, o sétimo ano. O povo deixou de cumprir isso, talvez
porque não via mal em deixar de lado, talvez porque achava que
iam ficar sem alimento, ou sabe-se qual foi o motivo do
descumprimento desse aspecto da lei. Mas isso levou o povo ao
exílio e a terra descansou o número de anos que o povo ficou
fora, o mesmo número de anos que o povo descuidou desde que
descumpriu a lei até o tempo do exílio.
Então, era necessária uma nova instrução. O povo já tinha
deixado de lado a instrução anterior e desobedecido, sofrendo as
consequências do ato. Agora, tantos anos longe do Templo e da
observação mais cuidadosa da lei, poderia acontecer de se deixar
de lado mais aspectos dessa lei (veremos, em outro dia,
permitindo o Senhor, que até mesmo na questão do casamento houve
necessidade de ajuste! Isso mostra que em atitudes do dia a dia
ou aquelas que acontecem de vez em quando também poderia ser
necessário o ajuste). Afinal, longe do Templo e vivendo menos
rigorosamente as instruções, e ainda por cima recebendo
influência direta de outros povos, os judeus poderiam fazer algo
que não estava exatamente na lei, mas que pareceria correto
diante das experiências que eles tinham vivido e visto com
outros povos ao longo dos anos. Era necessário "reprogramar" o
conhecimento da lei para não errar novamente, quer por
desconhecimento, quer por erro deliberadamente consciente ou
ainda por conta de confusão diante da influência de outros
povos. O rei sabia dessa possibilidade e destaca Esdras para o
trabalho de "reconstrução" espiritual do povo, além, é claro, de
ter todas as coisas antigas do Templo (já ungidas para o
trabalho no Templo - Nabucodonosor passou por um período de
loucura por se achar mais importante que Deus, e o filho dele
perde o trono depois de usar indevidamente os utensílios ungidos
do Templo), outras ajudas destacadas para a obra e toda
liberdade de ação e de movimentação para tal intento. O Senhor
preparou todas as coisas.
Era hora de voltar para casa. E voltar em grande estilo: com as
coisas que foram saqueadas (então, devolvidas), com novos
suprimentos, total liberdade para o trabalho (quer no local,
quer se houvesse necessidade de deslocamento) e ainda com alguém
liderando o povo para a reconstrução espiritual. Neemias seria o
líder político, mas sobre ele vamos escrever mais depois,
permitindo o Senhor. Estava confirmado sobre o povo a ordem da
volta. Agora, era só realizar a obra e aprender com Esdras sobre
a lei. E, claro, abandonar toda e qualquer prática errada,
observando o certo.
Mais um registro: o texto se preocupa em deixar claro qual era o
Esdras que faria o trabalho. Podemos imaginar muitas coisas -
havia alguém com mesmo nome que queria fazer a obra, ou o texto
foi escrito anos depois e alguns "Esdras" poderiam levar a
fama... Não sei qual poderia ser o motivo. O que sei é que o
texto deixa claro, para as linhagens de Israel, claro, de que
Esdras está falando. Muitas vezes isso é realmente necessário,
para deixar claro quem é responsável pelo trabalho, para que
outros não tentem levar a fama ou até mesmo tomar a posição. Mas
o que não podemos deixar de notar no texto é o cuidado do
Senhor, nos mínimos detalhes, para a volta e reconstrução, tanto
do Templo físico, com os utensílios, com outras provisões, e a
reconstrução espiritual, mostrando que as duas precisam andar de
mãos dadas. Pessoalmente, entendo que temos que dar mais ênfase
na espiritual, mas é claro que isso não pode ser motivo para
deixar de lado a física. As duas devem andar juntas, claro, mas
se for necessário optar por um tempo, que se escolha a
espiritual. Pois de nada adianta lindos templos sem a unção do
Senhor. O ideal é ter os dois e devemos caminhar para isso. Mas
se for necessário dar mais atenção a uma delas durante um tempo,
é a espiritual que deve ser levada em conta. E quando for cuidar
da física, não podemos descuidar da espiritual, claro! Podemos
até por um tempo deixar de lado a física, mas mesmo que
retomemos o cuidado com esta, a espiritual não pode ser
descuidada em nenhum momento. A cada dia o Senhor quer nos dar
mais entendimento e nos ajudar a crescer no conhecimento de Sua
vontade. Deixemos Ele nos falar o melhor. Nosso coração pode
(não quer dizer que vai, mas que pode) nos enganar, se não
deixarmos o Senhor falar. Que a cada dia possamos crescer em
conhecimento, edificando o templo espiritual que somos e, claro,
não deixemos de cuidar do físico enquanto estamos por aqui.
Forte abraço.
Em Cristo,
Ricardo, pastor
Esta meditação foi enviada em
12/01/12 por e-mail. |