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Certo dia, no
começo do verão, eu ia passando por uma linda campina. A relva
aveludada parecia um imenso tapete oriental. Em um canto,
erguia-se uma bela árvore, já velha, abrigo de inúmeros
pássaros que enchiam de gorgeios o ar leve e revigorante. À
sombra da ramagem, duas vacas repousavam, imagem de sossego e
contentamento.
Ao longo da estrada misturavam-se o roxo e o dourado das
violetas silvestres e dentes-de-leão.
Parei, e fiquei ali por um longo tempo, encostado à cerca,
deixando que meus olhos famintos se banqueteassem. Pensei
comigo mesmo que Deus jamais havia feito um lugar tão
aprazível.
No dia seguinte passei por lá outra vez. Ah! A mão demolidora
já havia estado ali. Lá estava um arado, cravado ainda no
sulco. Em um dia um homem fizera no local uma terrível
devastação. Em vez da relva verde, estava à mostra a terra
escura, feia e nua; em vez de pássaros cantando, algumas
galinhas ciscavam. E nem violetas, nem dentes-de-leão. E com
pesar, pensei: “Como poderia alguém estragar uma coisa tão
linda?!”
Então meus olhos foram abertos como por mão invisível e tive
uma visão: vi um milharal, com as espigas maduras, prontas
para a colheita. Via os longos pés de milho, todos carregados,
iluminados pelo sol do outono. Quase me parecia ouvir a música
do vento, ao passar, agitando os cabelos das espigas. E de
repente, a terra escura revestiu-se, para mim, de um esplendor
que não possuía na véspera.
Possamos nós sempre ter a visão da abundante colheita que se
segue quando o Grande Agricultor vem – como faz tantas vezes –
e sulca as nossas almas, deixando diante de nosso olhar
torturado só o vazio sem beleza.
Forte abraço.
Em Cristo,
Ricardo, pastor
Esta meditação foi enviada em
22/03/11 por e-mail. |