1 Quando o Senhor restaurou a sorte de Sião,
éramos como os que estão sonhando.
2 Então, a nossa boca se encheu de riso e a nossa língua de
cânticos. Então, se dizia entre as nações: Grandes coisas fez o
Senhor por eles.
3 Sim, grandes coisas fez o Senhor por nós, e por isso estamos
alegres.
4 Restaura, Senhor, a nossa sorte, como as torrentes do Neguebe.
5 Os que semeiam em lágrimas, com cânticos de júbilo segarão.
6 Aquele que sai chorando, levando a semente para semear,
voltará com cânticos de júbilo, trazendo consigo os seus molhos.
Os salmos de 120 até 134 são conhecidos como
"cântico dos degraus" ou "cântico de romagem" (depende da
tradução da Bíblia que você utilize). Todos tratam de vários
assuntos da religiosidade, de forma rápida, para auxiliar na
memorização, possivelmente. Seria uma espécie de "livro menor",
"resumo", com os detalhes importantes, para que fossem
facilmente lembrados. Ou ainda um "hinário", "cancioneiro",
"livro com canções", pois entende-se que eram realmente
cantados, principalmente quando o povo ia de caminho para
Jerusalém, para o sacrifício ou festas. E durante a caminhada,
continuavam "estudando" e meditando na Palavra através dessas
porções. Também poderiam ser utilizados durante os afazeres
diários, com a mesma disposição.
O salmo 126 está situado historicamente no período pós-exílico,
na volta pra casa depois do cativeiro Babilônico. O início do
salmo acaba "se datando", quando fala sobre a restauração da
sorte, quando fala do que as nações diziam, pois foi assim
mesmo: um povo levado cativo, uma terra destruída que é
reconstruída com o aval de quem estava no comando. Era uma
mudança completa de lado - de "caçado" para abençoado. Mas, a
sequência do salmo pede pela restauração da sorte. Como pode ser
isso? Pode ser que este foi um salmo profético, escrito antes do
final do exílio, mas para confirmar a confiança de que um dia os
israelitas iriam desfrutar dessa realidade.
Segundo livros e comentários de Bíblias, o Neguebe é a parte
mais sul de Israel, quase chegando ao deserto do Sinai. Imagine
para o viajante chegar perto de um lugar assim e encontrar
torrentes de águas... Algo valioso, por isso a comparação: o
povo queria ter uma importância maior. Se as torrentes eram
importantes e desejadas, a nação que estava sendo restaurada
deveria ser importante em seu meio, o mundo deveria olhar para
ela com anseio, sabendo de sua importância, tal qual a água era
importante ao viajante.
Muitas vezes já falamos que as dificuldades fazem parte da vida.
Não tem ligação necessariamente com erros ou pecados, como
aconteceu com Jó, por exemplo. Os seus amigos queriam encontrar
a razão do sofrimento de Jó em algo que estivesse errado, quando
o motivo era outro: era apenas para mostrar a fidelidade do
servo e depois, a fidelidade do Senhor para com Jó. Logo, há
situações "sem explicação", que passamos para dar testemunho do
cuidado do Senhor tanto durante como na solução. Se notarmos no
meio da angústia, já veremos o cuidado do Senhor. E quando nos
dá a solução, claro, fica mais fácil de notarmos. No meio do
exílio, pode ser difícil ver a mão do Senhor. No deserto,
também! Mas mesmo assim, o maná e o cuidado do Senhor se revelam
sempre. Assim, aprendemos que mesmo no meio da angústia
precisamos saber notar o cuidado do Senhor e fazer todo o
possível para não desanimar, antes confiar no cuidado e na
solução da parte do Senhor. Forte abraço.
Em Cristo,
Ricardo, pastor Esta meditação foi enviada em
20/05/10 por e-mail. |