Atos dos Apóstolos 8.1-3
1 Naquele dia,
levantou-se grande perseguição contra a igreja que estava em
Jerusalém; e todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas
regiões da Judéia e da Samaria.
2 E uns homens piedosos sepultaram a Estêvão, e fizeram grande
pranto sobre ele.
3 Saulo porém, assolava a igreja, entrando pelas casas e,
arrastando homens e mulheres, os entregava à prisão.
Depois da morte de Estevão, as coisas pioraram muito! Antes
disso, algumas prisões, advertências, até mesmo sinais
milagrosos que mostravam a verdade da pregação, mas mesmo assim
havia uma reprimenda. No entanto, o "parecer de Gamaliel" ainda
estava valendo e havia, apesar das reprimendas e prisões, certa
liberdade para anunciar a mensagem e realizar a obra.
Mas a partir do momento da morte de Estevão, as coisas pioram.
Desata-se uma perseguição contra aqueles que estavam em
Jerusalém, quase ao ponto de não poderem sepultar Estevão. Pelo
menos, é o que o texto faz parecer, pois cita primeiro a
perseguição e a dispersão de todos (menos dos apóstolos) para
outras regiões e que alguns homens piedosos (possivelmente
outros, não os apóstolos) sepultaram Estevão. A perseguição
começa muito forte nesse momento, em Jerusalém, principalmente
aos crentes conhecidos como "helênicos", que ampliavam a visão
da mensagem, e que eram os responsáveis pelo trabalho de atender
a mesa das viúvas (Atos 6.1-7) e ampliavam para além do judaísmo
de forma definitiva a mensagem e o trabalho. Assim, essa
perseguição era por conta, principalmente, da "nova postura" do
"cristianismo", de atender além do judaísmo. Nós sabemos que
essa não era uma postura nova, mas dentro da pregação no
judaísmo (lembremos que os apóstolos eram judeus e iam ao
Templo, inclusive tinham espaço para ensinar), parecia um novo
momento no movimento e a perseguição começa.
Mais uma vez o texto cita Saulo, agora não apenas como quem
consente na morte, mas como aquele que leva as pessoas para a
prisão. Agora, ele comanda a perseguição. Assim, antes da
experiência de conversão, Saulo primeiro consentiu na morte de
Estevão e, em seguida, se tornou um perseguidor de fato do
cristianismo, principalmente desse "ramo" tido como errado, que
levava a mensagem e as atividades sociais para além dos limites
do judaísmo. Ele acreditava que estava do "lado certo", pois
parecia que o judaísmo estava sendo vivido de forma errada por
aqueles e ele entendia que era necessário acabar com essa
mensagem que falava de coisas do judaísmo, lembrava eventos da
história judaica, falava de um Messias vindo dentro do judaísmo,
mas que ia para fora das "fronteiras".
Muitas vezes vivemos assim, como Saulo. Assumimos posturas que
parecem certas, parecem mesmo ter apoio social ou até religioso,
mas que na verdade estão erradas. Perdemos o "tom" da história
dado por Deus e começamos a interpretar como certo ou errado o
que vemos, deixando de lado o que o próprio Deus mostra ou faz!
E o pior: fazemos como se estivéssemos obedecendo a Ele! Quando
fazemos isso, podemos ter argumentos de defesa e até podemos
parecer certos do pronto de vista social e religioso. Mas
estaremos errados, pois o que realmente importa é o ponto de
vista de Deus. O que interpretamos, o que vivemos, ou o que
fazemos, deve passar pelo crivo da vontade de Deus. Não basta
parecer certo. Tem que ser vontade de Deus para nós, pois se não
for, mesmo que seja algo certo (não era o caso de Saulo, mas
pode acontecer), estará errado. Vivamos em busca da vontade do
Senhor e não daquilo que mais nos acomoda e até parece certo.
Que vivamos o melhor, o que é vontade de Deus em nossa vida! Forte
abraço.
Em Cristo,
Ricardo, pastor
Esta meditação foi enviada em 09/03/10 por e-mail. |