Comentário de livro Bíblico: 2 Reis

20/08/2007




Autoria e Data
O livro de 2 Reis era originalmente a segunda metade de um único livro que incluía 1 e 2 Reis. Dessa forma, as mesmas observações quanto autoria e data valem para os dois livros.

Assim: o livro não revela quem o escreveu. Podemos notar que era uma pessoa com liberdade de circulação na casa dos reis e com acesso aos documentos históricos oficiais. Vemos isso em 1 Reis 11.41, 14.19 ou ainda 2 Reis 20.20, e em outros textos, quando o autor cita “o livro da história de Salomão”, ou “o livro da história dos reis de Israel”, ou mesmo “o livro da história dos reis de Judá”.

O compilador desse texto mostra um interesse muito grande na aliança do Senhor com Israel e como o povo age com relação a ela. Isso nos remete a figura de um profeta, alguém zeloso com as coisas do Senhor. Alguns atribuem esse texto ao próprio Jeremias. Mas é mais provável que algum profeta que foi contemporâneo dele tenha feito a compilação desse texto, ainda na primeira metade do século sexto a. C. Podemos chegar a essa data por conta do registro que o compilador faz do livramento de Joaquim, que aconteceu por volta de 560 a. C., o que nos remete a uma época posterior a esse evento, pelo menos para esse registro. Assim, mesmo que o livro tenha sido escrito em grande parte antes desse evento, só foi encerrado após essa situação, exatamente porque só poderia registrar depois do evento.

Além disso, nos detendo especificamente em 2 Reis, vemos o seu final com o exílio em andamento, o que nos faz pensar que o mesmo ainda não tinha acabado (evento que ocorreu por volta de 538 a. C.). Crônicas, que assumidamente foi escrito após o exílio, relata em seus versículos finais o encerramento do exílio.

O livro
Os acontecimentos descritos em 2 Reis abrangem um período de cerca de 300 anos. Recorda as turbulentas experiências do povo de Deus desde o reinado de Acazias (o nono rei Israel), que aconteceu por volta de 853 a. C., incluindo a queda de Israel diante da Assíria, em 722 a. C., seguindo até a deportação de Judá para a Babilônia em 586 a. C.  

No final do livro, vemos a libertação do rei Joaquim, que aconteceu por volta do ano 560 a. C., fato este que nos ajuda em uma aproximação com a data em que o livro foi escrito, como vimos acima. 

Esse foi um período difícil da história do povo de Deus, com grandes mudanças e rebeliões, guerras e atos de rebeldia. Havia muita luta interna e pressão externa. O resultado foi um momento tenebroso na história do povo de Deus: colapso e consequente cativeiro, tanto de Israel como de Judá.

Já relatamos que, originalmente, 1 e 2 Reis eram um só livro, que continuava a narrativa de 1 e 2 Samuel. Os tradutores do Antigo Testamento grego (Septuaginta ou LXX) dividiram a obra em “3 e 4 Reinos” (1 e 2 Samuel eram 1 e 2 Reinos). O Título “Reis” se deriva da tradução latina de Jerônimo (Vulgata) e é apropriado por causa da ênfase desses livros nos reis que governaram durante este período.

O livro de 2 Reis, como 1 Reis, é mais do que uma simples compilação de acontecimentos políticos importantes ou socialmente significativos em Israel e Judá. Na realidade, não contém uma narrativa histórica tão detalhada como se poderia esperar (300 anos em 25 capítulos). Ao contrário, 2 Reis é uma narrativa histórica seletiva, com um propósito teológico. O autor, portanto, seleciona e enfatiza o povo e os eventos que são significativos no plano moral e religioso. Em 2 Reis, Deus também é apresentado como Senhor da história. Essas observações, que são as mesmas feitas com relação ao livro de 1 Reis nos dão confirmação que os livros eram um originalmente e o propósito do autor, lógico, o mesmo.

No livro vemos o autor retomando a história trágica do “reino divido”, quando Acazias está no trono de Israel e Josafá governando sobre Judá. O Autor ora está falando do Reino do Norte, Israel, ora do Reino do Sul, Judá, traçando simultaneamente suas histórias, observando a conduta de seus reis. A atenção é dirigida àqueles que ou serviram de modelo de integridade ou que ilustram porque essas nações seguiram para o exílio.
  
Esboço de 2º Reis 
I. O reino dividido 1.1-17.41
  O reinado de Acazias, em Israel 1.1-18
  O reinado de Jorão, em Israel 2.1-8.15
  O reinado de Jeorão, em Judá 8.16-24
  O reinado de Acazias, em Judá 8.25-9.29
  O reinado de Jeú, em Israel 9.30-10.36
  O reinado da rainha Atalia, em Judá 11.1-16
  O reinado de Joás ,em Judá 11.17-12.21
  O reinado de Jeocaz, em Israel 13.1-9
  O reinado de Jeoás, em Israel 13.10-25
  O reinado de Amazias, em Judá 14.1-22
  O reinado de Jeroboão II, em Israel 14.23-29
  O reinado de Azarias, em Judá 15.1-7
  O reinado de Zacarias, Salum, Menaém, Pecaías e Peca, em Israel 15.8-31
  O reinado de Jotão, em Judá 15.32-38
  O reinado de Acaz, em Judá 16.1-20
  O reinado de Oséias, em Israel 17.1-5
  O cativeiro de Israel 17.6-41
 
II. Somente o reino de Judá 18.1-25.30
  O reinado de Ezequias 18.1-20.21
  O reinado de Manassés 21.1-18
  O reinado de Amon 21.19-26
  O reinado de Josias 22.1-23.30
  O reinado de Joacaz 23.31-34
  O reinado de Jeoaquim 23.35-24.7
  O reinado de Joaquim 24.8-16
  O reinado de Zedequias 24.17-20
  A queda de Jerusalém 25.1-7
  O cativeiro de Judá 25.8-26
  A libertação de Joaquim 25.27-30

 

Forte abraço.
Em Cristo,
Ricardo, pastor

Esta meditação foi enviada em 20/08/07 por e-mail.