Comentário de livro Bíblico: Jonas

18/09/2006

 

Autoria e Data
Como escrevemos na mensagem enviada no dia 10/07/06, Jonas profetizou durante o período do rei Jeroboão II, em Israel, entre 783-743 a.C. (cf. 2 Reis 14.25 / Jonas 1.1).

Assim, temos como entender a partir de indicações Bíblicas que mostram o período, que a atividade profética de Jonas aconteceu no período acima relatado. O que não temos como definir é se o profeta é o autor do seu próprio livro ou se alguém, depois do tempo do profeta, escreveu com base nos ensinamentos que foram passados desde a atividade profética de Jonas. Lembramos sempre que no mundo antigo não havia a preocupação com direitos autorais e quem era o iniciador de uma mensagem, história, ensinamento, esse era considerado o autor, mesmo que o texto fosse escrito muitos anos após sua morte. Logo, tendo como entendimento essa regra, o autor é de fato, Jonas, mesmo que ele não tenha escrito nada, apenas passado o conteúdo de sua mensagem à frente.

O que vale registrar é que ele foi o único profeta mandado para pregar aos gentios e é citado por Aquele que veio para os seus, que não O receberam e quem O recebeu tem então o poder de ser feito Filho de Deus, gentio ou judeu (Mateus 12.39-41, por exemplo). Elias foi mandado para Sarepta para morar lá durante uma temporada (1 Reis 17.8-10), e Eliseu viajou a Damasco (2 Reis 8.7), mas somente a Jonas é que foi dada uma mensagem de arrependimento e misericórdia, para pregar diretamente a uma cidade gentia.

O nome de Jonas significa “pomba” ou “pombo”. Quanto seu ao caráter, ele é apresentado como obstinado, irritado, mal-humorado, impaciente e por seu hábito de viver somente com seu clã, já que deixa claro que não gostaria de pregar aos gentios.
  
Contexto Histórico
Os assírios pagãos, inimigos de Israel de longa data, eram uma força dominante aproximadamente de 885 a 665 a.C., período este que inclui o tempo de Jonas. Relatos do Antigo Testamento descrevem seus saques contra Israel e Judá, onde eles destruíram a zona rural e levaram cativos. O poder assírio era mais fraco durante o tempo de Jonas, e Jeroboão II foi capaz de reivindicar áreas da Palestina desde Hamate localizada em direção ao sul, até o mar Morto, como havia sido profetizado por Jonas (2 Reis 14.25).
  
O Livro
O livro de Jonas, embora tenha sido colocado entre os profetas no cânon, é diferente do outros livros proféticos, pois ele não tem uma profecia específica que defina o livro, que contenha uma mensagem. A história é a mensagem. A história recorda um dos mais profundos conceitos teológicos encontrados no Antigo Testamento: Deus ama todas as pessoas e deseja compartilhar seu perdão e misericórdia com todos, judeus ou não.

Israel era responsável por anunciar isto, mas, de algum modo, não compreendeu a importância dessa mensagem, mantendo a verdade da salvação apenas para os judeus, como povo escolhido. Havia, de fato, a questão da eleição, mas em Abraão já vemos o indício que a bênção não era apenas para judeus, mas para todos e que os judeus deveriam ser o início disso para o mundo (Gênesis 12.1-3). A eleição definia um povo que deveria iniciar o anúncio da salvação! Mas essa falha em anunciar levou o povo judeu a um orgulho religioso extremo. No Livro de Jonas, pode ser encontrada a semente do farisaísmo do Novo Testamento.

Deus chama Jonas, o profeta, para levantar-se e ir 1300 km pra o oriente, até a cidade de Nínive, uma cidade dos temidos e odiados assírios, a força dominante da época, que permanecia em guerras com Israel. Sua mensagem é um chamado ao arrependimento e uma promessa de misericórdia, caso eles respondam positivamente.
Jonas pensa que, se Deus poupar Nínive, então aquela cidade estará livre para saquear e roubar Israel novamente. Esse patriotismo nacionalista e seu desdém a que a misericórdia seja oferecida para pessoas que não fazem parte do “povo escolhido” induzem Jonas a decidir deixar Israel e “fugir de diante da face do Senhor”. Sem dúvida, ele esperava que o Espírito da profecia não o seguisse. Jonas está descontente e de algum modo se convence de que uma viagem a Társis irá livrá-lo da responsabilidade que Deus colocou sobre ele.

A viagem para Társis logo fornece a evidência de que a presença e a influência do Senhor não está restrita à Palestina (como muitos pensavam, pois lá seria a morada do Senhor, o lugar onde estava o Templo...). Deus manda uma tempestade para golpear o navio e causar circunstâncias que conduzem Jonas novamente para a realidade de seu chamado missionário. Após determinarem que Jonas e seu Deus são responsáveis pela tempestade, e após esgotarem todas as alternativas, os marinheiros atiraram Jonas ao mar. Sem dúvida, Jonas e os marinheiros acharam que esse seria o fim de Jonas (e o fim da necessidade de pregar aos gentios, da possibilidade de conversão...). Mas Deus havia preparado um grande peixe para engolir Jonas e, após três dias e três noites, o peixe o jogou em terra firme e Jonas se vê diante da necessidade de realizar a obra para a qual foi chamado.
  
Esboço de Jonas
I. O profeta rebelde - 1.1-3
  O Chamado - 1.1-2
  A rebeldia - Jonas foge para Társis - 1.3
 
II. O retorno providencial - 1.4-2.10
  O Senhor manda uma tempestade - 1.4-6
A atuação dos marinheiros - 1.10-16
  O Senhor prepara um grande peixe - 1.17

III. A restauração do profeta - 2.1-10
  Jonas ora 2.1-9
  Ele é vomitado na terra 2.10
 
IV. A renovação bem-sucedida - 3.1-10
  Obedecendo ao chamado - 3.1-3
  Jonas prega - 3.4
  A população se converte - 3.5-9
  Deus demonstra piedade - 3.10
 
IV. Uma lição - 4.1-11
  Jonas desgostou-se - 4.1-5
  Deus ensina uma lição - 4.6-11
 

 

Forte abraço.
Em Cristo,
Ricardo, pastor

Esta meditação foi enviada em 18/09/06 por e-mail.